
Anuário Janus
O Anuário Janus estuda a situação mundial, incluindo o relacionamento externo de Portugal. Procura uma abordagem holística das relações internacionais: desde as políticas externas dos governos, à comunidade das nações e às interações das sociedades, cruzando os domínios da política, diplomacia, estratégia, ambiente, economia, tecnologia, cultura ou dinâmicas sociais. O Anuário Janus é editado desde 1996-97 pelo OBSERVARE – Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa. A partir da edição de 2024, conta com a colaboração permanente do Clube de Lisboa.
Nota: Os artigos para a edição de 2024 do Anuário JANUS podem ser enviados até 31 de janeiro de 2025, para anuariojanus.observare@autonoma.pt

Rede Natura 2000, procurando a consolidação
Brígida Brito
A Rede Natura 2000 desempenha um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável. Estando centrada na valorização da Natureza, a Rede assegura a conservação e gestão de áreas protegidas terrestres e marinhas da União Europeia, mas os seus benefícios estendem-se igualmente às dimensões social e económica.
A pobreza no mundo: quem está a ser “deixado para trás”?
Patrícia Magalhães Ferreira
As várias crises globais em curso estão a contribuir para reverter os progressos no combate à pobreza a nível mundial. A tendência é de concentração progressiva da pobreza extrema na África Subsaariana e nos países em situação de fragilidade e afetados por conflitos.
The international order and Latin America
Fernando Ayala
The international system is weakened, and humanity faces daunting challenges such as climate change and wars in several regions, to which the United Nations is incapable of responding. In 2025, the new President of the United States will try to redesign the international order based on a scheme of hard power, also with impacts on Latin America.
Europa: fuga à estagnação estrutural
Cristina Casalinho
A Europa defronta-se com uma perda de relevância económica global, expressa num fraco crescimento económico por comparação com os Estados Unidos da América ou com a China. Entre os principais obstáculos à expansão económica estão a demografia, a baixa produtividade dos fatores e a predominância de formas tradicionais de financiamento.
Do Sudão ao Haiti: as guerras e crises de que o mundo se esqueceu
Daniela Nascimento
Apesar do aumento do número de conflitos violentos no mundo, a atenção mediática e política conferida a cada um destes cenários de guerra é profundamente desigual. Vários conflitos e crises prolongadas têm impactos devastadores mas estão praticamente invisibilizados, não existindo uma prioridade de atenção e ação no sentido da sua resolução e da resposta às múltiplas necessidades humanitárias e de paz.
Conflitos africanos esquecidos: os casos de Darfur e de Tigray
Eugénio Costa Almeida
Os conflitos do Darfur e do Tigray têm gerado crises humanitárias graves, sem que suscitem a necessária atenção da comunidade internacional. Estes conflitos têm as suas raízes em questões de marginalização étnica e política e, em ambos os casos, a interação entre as forças em contenda tem resultado numa violência devastadora.
Para uma Geopolítica da Língua Portuguesa
Luísa Godinho
A análise geopolítica da língua portuguesa abrange uma diversidade de dimensões históricas, culturais, económicas e tecnológicas. A sua projeção futura depende de ações estratégicas que valorizem a sua diversidade interna e ampliem a sua presença global, passando pela implementação de estratégias coordenadas entre os países de língua portuguesa.
Myanmar: como chegamos a um impasse
Carlos Veloso
A história recente de Myanmar aponta para intrincadas dinâmicas políticas, militares e étnicas que se interligam com a conflitualidade. As relações com a China e a Índia são cruciais para o desenvolvimento económico, mas o aproveitamento das potencialidades depende de um entendimento entre o governo central e os grupos étnicos que, com as suas milícias, controlam partes do território.
O papel de Portugal no Sahel: a participação das FA portuguesas na EUTM Mali
Luís Bernardino, Luís Gomes
Os países do Sahel enfrentam desafios securitários complexos, aos quais a estratégia da União Europeia tem tentado responder com um contributo abrangente para o desenvolvimento e segurança da região. A Missão EUTM-Mali enquadra-se nesse esforço, tendo Portugal assumido uma participação relevante ao nível dos interesses e das possibilidades nacionais.
As mulheres nos processos de paz e de resolução de conflitos
Patrícia Magalhães Ferreira
"Em contextos de crise e conflito, a participação das mulheres nos processos decisórios e de liderança na resolução de conflitos e na negociação da paz é ainda diminuta, constituindo uma realidade contraditória com o próprio objetivo de construção da paz. Os progressos na implementação da agenda global sobre Mulheres, Paz e Segurança têm sido lentos e voláteis."
A cooperação de defesa do Brasil na região do Golfo da Guiné: a relação com os PALOP
Eduardo Gorga, Luís Bernardino
A cooperação bilateral brasileira com os PALOP integra uma agenda de política externa que inclui a ajuda ao desenvolvimento e a cooperação técnica com estes países africanos, nomeadamente no setor da Defesa. As ações desenvolvidas incorporam a tendência de consolidar uma agenda positiva com outros Estados do designado Sul Global e contribuir para a projeção internacional do Brasil no Atlântico Sul.
Competição pela liderança global da economia verde: o caso dos veículos elétricos
Daniel Cardoso
O setor dos veículos elétricos desempenha um papel importante no combate ao aquecimento global e no desenvolvimento da economia verde. A liderança chinesa no setor tem suscitado reações dos Estados Unidos e da União Europeia, manifestando uma disputa comercial mas também um novo capítulo na corrida geoeconómica pela liderança da transição energética.
A terceira guerra mundial já começou: é uma guerra híbrida sob ameaça nuclear
Tiago Vasconcelos
A terceira guerra mundial em curso tem contornos bastante diferentes das anteriores, incluindo novas tecnologias e domínios de ação estratégica, que conferem novas possibilidades de atuação aos agentes político-estratégicos. Não é possível situar especificamente o início desta era de guerra híbrida, mas continua a ser possível, talvez paradoxalmente, ter esperança num mundo mais pacífico.
O(s) conflito(s) da Colômbia e o paradoxo da memória: analogia ao pensamento de Paulo Freire
José Carlos de Melo Amaro
Desde a independência em 1819 até aos Acordos de Paz em 2016, identificam-se três períodos de violência na Colômbia, com impactos humanos significativos. Uma análise do pensamento de Paulo Freire, conforme “A Pedagogia do Oprimido”, conduz-nos ao paradoxo da memória como um vetor estrutural para a construção da consciência coletiva na Colômbia.
A relevância geoeconómica e geoestratégica do Golfo da Guiné
António Gonçalves Alexandre
O Golfo da Guiné é um relevante polo energético em termos globais, já que desempenha um papel importante no comércio internacional de petróleo e gás natural. Detém também recursos haliêuticos significativos, que devem ser preservados, e é atravessado por rotas marítimas globais, que ressaltam a importância de garantir a segurança nesta zona do mundo.
Sudão: uma crise sem fim
Tiago Lourenço
O conflito no Sudão tem raízes profundas de violência política e grandes impactos dentro e fora das fronteiras, designadamente com as deslocações forçadas e a crise humanitária prolongada. A fragmentação e instrumentalização das tentativas de mediação contribuem para os fracos resultados na construção da paz.
Population growth challenges in Sub-Saharan Africa: are we aware?
Ana Pires de Carvalho
Sub-Saharan Africa experiences continued population growth, at a pace that poses significant challenges to socio-economic development. Rapid population growth raises challenges on employment and puts additional pressure on education systems, affects food availability and may contribute to poverty and income inequality, as well as to exacerbating conflicts and strengthening authoritarian governments.
A mitigação das alterações climáticas: opções e estratégias
José Félix Ribeiro
As metas definidas pelo Acordo de Paris implicam transformações muito significativas para os diversos tipos de economias no mundo. As estratégias nacionais de mitigação das alterações climáticas e de transição energética revelam mudanças nos últimos anos, no sentido da diversificação das abordagens e de novas opções tecnológicas.
Portugal na comunidade de países de língua portuguesa. Será a CPLP relevante para Portugal?
Luís Manuel Brás Bernardino
Se a realidade mostra uma CPLP ainda à procura de um projeto estável, afirmativo e mobilizador, o futuro desta Comunidade depende da vontade política dos seus Estados-Membros. Em particular, Portugal deverá ser capaz de liderar o processo de adaptação e renovação, tal como liderou a sua criação, assumindo-a como um vetor ativo da política externa portuguesa.