Anuário Janus 

O Anuário Janus estuda a situação mundial, incluindo o relacionamento externo de Portugal. Procura uma abordagem holística das relações internacionais: desde as políticas externas dos governos, à comunidade das nações e às interações das sociedades, cruzando os domínios da política, diplomacia, estratégia, ambiente, economia, tecnologia, cultura ou dinâmicas sociais. O Anuário é editado desde 1996-97 pelo OBSERVARE – Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa, contando a partir da edição de 2024-2025 com a colaboração permanente do Clube de Lisboa.

A edição de 2024-2025 do Anuário Janus tem duas secções: a secção geral, sobre a conjuntura internacional, onde figuram artigos sobre diversas realidades, incluindo políticas, de segurança, económicas, ambientais e outras; e a secção específica (dossier), que nesta edição é dedicada às "Guerras: as mediáticas e as esquecidas", onde se incluem artigos sobre temáticas ligadas aos conflitos e sobre vários estudos de caso, países e regiões.

Os artigos para o Anuário JANUS 2024-2025 podem ser enviados até 31 de agosto de 2025.
Para além da disponibilização online dos artigos, a edição completa do Anuário JANUS 2024-2025 será publicada em dezembro de 2025.

Resgatar os ODS e enfrentar as causas profundas da fragilidade

Jorge Moreira da Silva

A compreensão dos desafios globais é fundamental para responder às causas profundas da fragilidade dos Estados, como os que respeitam à paz e segurança, à tripla crise planetária, à dimensão social e laboral, às transições tecnológicas e económicas, e ao desafio da democracia e do reforço das instituições.


Oportunidades para a reindustrialização ibérica e europeia: transições energéticas, digitais e de defesa

Sérgio Carmo Fonseca

A rápida transição energética para uma economia verde e o consequente impacto na indústria representam uma grande oportunidade para Portugal e Espanha. A Península Ibérica está posicionada de forma positiva para tirar partido dos seus recursos naturais e tornar-se um ator central na transição energética.


Reclaiming orthodoxy: strengthening religious literacy to counter violent extremism

Muhammad Nuruddeen Lemu and Haleemah Oladamade Ahmad

Violent extremism in Sub-Saharan Africa has escalated in recent years. As these groups have weaponised religion to achieve their aims, so also can it be a source of resilience. Credible religious scholars and institutions can dismantle extremist ideologies and build individual and communal resilience against radicalisation, thus stifling recruitment and the leadership succession of extremist groups.


Cabo Delgado: uma guerra entre conflitos

Fernando Jorge Cardoso

A guerra em Cabo Delgado não é uma guerra civil, que oponha religiões ou grupos étnicos; não é uma guerra de insurreição, de rebelião armada contra o poder; não eclodiu devido a descobertas de gás, nem resulta do tráfico de drogas. É uma guerra de agressão, principalmente contra a população, e assente em preceitos religiosos sectários e violentos.


A imigração sem tabus

Noémia Pizarro

Muitas das narrativas sobre a imigração assentam em informação errada ou enganadora, que a investigação disponível permite desmontar. O conhecimento concreto deste fenómeno a nível mundial e dos seus impactos positivos e negativos nas economias e sociedades é essencial para políticas mais eficazes.


A geoeconomia de Portugal entre os séculos XV e XVIII: uma análise reflexiva e ensaística

Manuel Gomes Samuel

Portugal foi um dos primeiros Estados a conceber um sistema de geoeconomia global, entre os séculos XV e XVIII, articulando poder naval, controlo de rotas comerciais e estabelecimento de monopólios. Este fenómeno, que se tornou uma espécie de “laboratório” do mercantilismo moderno, conjugou aspirações espirituais e estratégias materiais, produzindo um legado histórico rico e complexo.


Big data e a transformação da vida social e política contemporânea

Francisco Carvalho Vicente e Paulo Carvalho Vicente

O nosso mundo é hoje moldado por uma tecnologia que se impôs e que condiciona as atividades sociais, económicas, políticas e culturais. O atual relevo da big data e o caminho para a “dataficação” constituem revoluções impactantes com enormes consequências na vida coletiva, às quais o poder político tem de dar respostas.


Será a África capaz de aproveitar o ‘dividendo demográfico’?

Mário Pizarro

África encontra-se numa fase de aceleração demográfica, em contraciclo com outros continentes. Isto pode ter impactos positivos na economia, mas constitui um grande desafio especificamente para a África Subsaariana, tendo em conta a sua posição nos últimos lugares da Economia do Conhecimento, aos quais acrescem desafios no âmbito da estabilidade política, da governança e da cooperação regional.


A (in)eficácia do Direito Internacional perante um mundo em conflito

Daniela Martins Pereira da Silva

O Direito Internacional confronta-se hoje com uma tensão entre o princípio da soberania e a governança global. Os desafios existentes fragilizam a imagem deste sistema jurídico e, em especial, da ONU como garante do Direito Internacional, mas também comprovam a necessidade de regulação, do multilateralismo e do compromisso com o bem-comum.


A grande estratégia de Trump

Carlos Branco

A grande estratégia de Donald Trump assentará em duas premissas incontornáveis: não alimentará o projeto neoconservador da primazia global e aceitará a realidade de um mundo multipolar. Com uma concentração dos recursos onde possam ter efeito multiplicador, a política de alianças será indicadora das suas prioridades estratégicas.


NATO Deterrence against Hybrid Threats: Evolution and Challenges

Laura Lisboa

Over the past decades, deterrence has proven to be the most relevant strategic response to security threats in peacetime. Hybrid threats, however, pose challenges to the traditional logic of deterrence. These threats, broadly understood as malign activities aimed at destabilising adversaries without directly triggering a military response, defy the conditions under which traditional deterrence works best.


A política externa "independente e ativa" da Indonésia de Jokowi a Prabowo

Nuno Canas Mendes

Com uma linha de continuidade e pragmatismo na sua política externa, o governo da Indonésia procura um equilíbrio ajustável entre as alianças que consolidam quer as relações com o Ocidente quer com o Sul Global, aprofundando a influência económica à escala regional e global. O país, herdeiro da tradição do não-alinhamento, tem adotado uma abordagem “independente e ativa” à política externa, seguindo a lógica de “construtor de pontes”.


The African vector in Russia’s Foreign Policy: The Angolan case (2000-2020)

Sónia Sénica

At a time of increased tension with the West, Africa and specifically Angola became the target of a new impetus in the relationship with Russia. African potential offers Russia possibilities for political-diplomatic concertation, military cooperation and very attractive economic relations, emerging as a relevant strategic option with expected benefits for Russia at internal and international levels.


Rede Natura 2000, procurando a consolidação

Brígida Brito

A Rede Natura 2000 desempenha um papel importante na promoção do desenvolvimento sustentável. Estando centrada na valorização da Natureza, a Rede assegura a conservação e gestão de áreas protegidas terrestres e marinhas da União Europeia, mas os seus benefícios estendem-se igualmente às dimensões social e económica.


A pobreza no mundo: quem está a ser “deixado para trás”?

Patrícia Magalhães Ferreira

As várias crises globais em curso estão a contribuir para reverter os progressos no combate à pobreza a nível mundial. A tendência é de concentração progressiva da pobreza extrema na África Subsaariana e nos países em situação de fragilidade e afetados por conflitos.


The international order and Latin America

Fernando Ayala

The international system is weakened, and humanity faces daunting challenges such as climate change and wars in several regions, to which the United Nations is incapable of responding. In 2025, the new President of the United States will try to redesign the international order based on a scheme of hard power, also with impacts on Latin America.


Europa: fuga à estagnação estrutural

Cristina Casalinho

A Europa defronta-se com uma perda de relevância económica global, expressa num fraco crescimento económico por comparação com os Estados Unidos da América ou com a China. Entre os principais obstáculos à expansão económica estão a demografia, a baixa produtividade dos fatores e a predominância de formas tradicionais de financiamento.


Do Sudão ao Haiti: as guerras e crises de que o mundo se esqueceu

Daniela Nascimento

Apesar do aumento do número de conflitos violentos no mundo, a atenção mediática e política conferida a cada um destes cenários de guerra é profundamente desigual. Vários conflitos e crises prolongadas têm impactos devastadores mas estão praticamente invisibilizados, não existindo uma prioridade de atenção e ação no sentido da sua resolução e da resposta às múltiplas necessidades humanitárias e de paz.


Conflitos africanos esquecidos: os casos de Darfur e de Tigray

Eugénio Costa Almeida

Os conflitos do Darfur e do Tigray têm gerado crises humanitárias graves, sem que suscitem a necessária atenção da comunidade internacional. Estes conflitos têm as suas raízes em questões de marginalização étnica e política e, em ambos os casos, a interação entre as forças em contenda tem resultado numa violência devastadora.


Diplomacia ou Guerra. À procura de uma solução para o diferendo fronteiriço Venezuela-Guiana

Nancy Gomes

O diferendo entre a Venezuela e a Guiana na região de Essequibo tem-se prolongado sem que os vários acordos assinados ou tentativas de mediação e negociação o tenham conseguido resolver. O interesse económico suscitado pela exploração petrolífera nesta zona é um fator que contribui para agravar as tensões existentes.


Para uma Geopolítica da Língua Portuguesa 

Luísa Godinho

A análise geopolítica da língua portuguesa abrange uma diversidade de dimensões históricas, culturais, económicas e tecnológicas. A sua projeção futura depende de ações estratégicas que valorizem a sua diversidade interna e ampliem a sua presença global, passando pela implementação de estratégias coordenadas entre os países de língua portuguesa.


Myanmar: como chegamos a um impasse

Carlos Veloso

A história recente de Myanmar aponta para intrincadas dinâmicas políticas, militares e étnicas que se interligam com a conflitualidade. As relações com a China e a Índia são cruciais para o desenvolvimento económico, mas o aproveitamento das potencialidades depende de um entendimento entre o governo central e os grupos étnicos que, com as suas milícias, controlam partes do território.


O papel de Portugal no Sahel: a participação das FA portuguesas na EUTM Mali

Luís Bernardino, Luís Gomes

Os países do Sahel enfrentam desafios securitários complexos, aos quais a estratégia da União Europeia tem tentado responder com um contributo abrangente para o desenvolvimento e segurança da região. A Missão EUTM-Mali enquadra-se nesse esforço, tendo Portugal assumido uma participação relevante ao nível dos interesses e das possibilidades nacionais.


As mulheres nos processos de paz e de resolução de conflitos

Patrícia Magalhães Ferreira

"Em contextos de crise e conflito, a participação das mulheres nos processos decisórios e de liderança na resolução de conflitos e na negociação da paz é ainda diminuta, constituindo uma realidade contraditória com o próprio objetivo de construção da paz. Os progressos na implementação da agenda global sobre Mulheres, Paz e Segurança têm sido lentos e voláteis."


A cooperação de defesa do Brasil na região do Golfo da Guiné: a relação com os PALOP

Eduardo Gorga, Luís Bernardino

A cooperação bilateral brasileira com os PALOP integra uma agenda de política externa que inclui a ajuda ao desenvolvimento e a cooperação técnica com estes países africanos, nomeadamente no setor da Defesa. As ações desenvolvidas incorporam a tendência de consolidar uma agenda positiva com outros Estados do designado Sul Global e contribuir para a projeção internacional do Brasil no Atlântico Sul.


Competição pela liderança global da economia verde: o caso dos veículos elétricos

Daniel Cardoso

O setor dos veículos elétricos desempenha um papel importante no combate ao aquecimento global e no desenvolvimento da economia verde. A liderança chinesa no setor tem suscitado reações dos Estados Unidos e da União Europeia, manifestando uma disputa comercial mas também um novo capítulo na corrida geoeconómica pela liderança da transição energética.


A terceira guerra mundial já começou: é uma guerra híbrida sob ameaça nuclear

Tiago Vasconcelos

A terceira guerra mundial em curso tem contornos bastante diferentes das anteriores, incluindo novas tecnologias e domínios de ação estratégica, que conferem novas possibilidades de atuação aos agentes político-estratégicos. Não é possível situar especificamente o início desta era de guerra híbrida, mas continua a ser possível, talvez paradoxalmente, ter esperança num mundo mais pacífico.


O(s) conflito(s) da Colômbia e o paradoxo da memória: analogia ao pensamento de Paulo Freire

José Carlos de Melo Amaro

Desde a independência em 1819 até aos Acordos de Paz em 2016, identificam-se três períodos de violência na Colômbia, com impactos humanos significativos. Uma análise do pensamento de Paulo Freire, conforme “A Pedagogia do Oprimido”, conduz-nos ao paradoxo da memória como um vetor estrutural para a construção da consciência coletiva na Colômbia.


A relevância geoeconómica e geoestratégica do Golfo da Guiné

António Gonçalves Alexandre

O Golfo da Guiné é um relevante polo energético em termos globais, já que desempenha um papel importante no comércio internacional de petróleo e gás natural. Detém também recursos haliêuticos significativos, que devem ser preservados, e é atravessado por rotas marítimas globais, que ressaltam a importância de garantir a segurança nesta zona do mundo.


Sudão: uma crise sem fim

Tiago Lourenço

O conflito no Sudão tem raízes profundas de violência política e grandes impactos dentro e fora das fronteiras, designadamente com as deslocações forçadas e a crise humanitária prolongada. A fragmentação e instrumentalização das tentativas de mediação contribuem para os fracos resultados na construção da paz.


Population growth challenges in Sub-Saharan Africa: are we aware?

Ana Pires de Carvalho

Sub-Saharan Africa experiences continued population growth, at a pace that poses significant challenges to socio-economic development. Rapid population growth raises challenges on employment and puts additional pressure on education systems, affects food availability and may contribute to poverty and income inequality, as well as to exacerbating conflicts and strengthening authoritarian governments.


A mitigação das alterações climáticas: opções e estratégias

José Félix Ribeiro

As metas definidas pelo Acordo de Paris implicam transformações muito significativas para os diversos tipos de economias no mundo. As estratégias nacionais de mitigação das alterações climáticas e de transição energética revelam mudanças nos últimos anos, no sentido da diversificação das abordagens e de novas opções tecnológicas.



Portugal na comunidade de países de língua portuguesa. Será a CPLP relevante para Portugal?

Luís Manuel Brás Bernardino

Se a realidade mostra uma CPLP ainda à procura de um projeto estável, afirmativo e mobilizador, o futuro desta Comunidade depende da vontade política dos seus Estados-Membros. Em particular, Portugal deverá ser capaz de liderar o processo de adaptação e renovação, tal como liderou a sua criação, assumindo-a como um vetor ativo da política externa portuguesa.