As Conferências de Lisboa são um evento internacional de periodicidade bienal, que promovem o debate sobre as mudanças globais e o desenvolvimento.

Os desafios do Desenvolvimento são globais, interdependentes e complexos, estando ligados a profundas mudanças na arquitetura das relações internacionais. As novas configurações estratégicas e geopolíticas, as ameaças à segurança e à paz, a urgência de salvarmos o planeta e os desafios da sustentabilidade, a diversificação geográfica dos polos de crescimento, a incoerência entre redução da pobreza e aumento das desigualdades, estão entre esses desafios. Estas mudanças podem ser analisadas pela lente dos 5P (Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias), em torno dos quais organizamos o nosso trabalho.

 

As Conferências de Lisboa na década de 2020

À escala global, a adoção da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e do Acordo de Paris, ambos em 2015, assinalaram uma consciencialização inédita sobre os desafios e ameaças crescentes com que a Humanidade e o Planeta se defrontam. A realização destes compromissos depende, contudo, da vontade e capacidade dos países, regiões, comunidades, instituições públicas e privadas, famílias e indivíduos. Além disso, agir é frequentemente difícil, nomeadamente no que respeita aos bens públicos e comuns – afinal, para quê desperdiçar recursos financeiros ou tempo, quando o trabalho pode ficar para os outros?

Ainda assim, existem progressos. Cada vez mais, tanto Estados como grandes empresas e instituições financeiras utilizam o enquadramento e indicadores de desenvolvimento sustentável nos seus planos estratégicos e nas operações de investimento ou crédito. Seja por razões de interesse económico, de missão, ou de resposta às preferências dos consumidores e à pressão dos cidadãos, a sociedade civil e o setor privado estão a agir, nalguns casos mais rapidamente do que (ou mesmo até contra) os seus governos. Num tempo de aceleração e incerteza sobre as transformações globais em curso, a sustentabilidade não está confinada a uma instituição ou setor específicos, sendo uma preocupação partilhada por todos. Tudo indica que entramos finalmente na fase de agir.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda para a ação e exprimem uma visão ambiciosa que, pela primeira vez, agrega agendas previamente abordadas de forma separada, como a proteção do ambiente, a promoção do desenvolvimento humano ou a consolidação da paz, constituindo uma missão para ser realizada por e em todos os países, não deixando ninguém para trás. Apesar das críticas sobre a complexidade e quantidade de áreas, metas e medidas envolvidas, os ODS são hoje amplamente aceites e reconhecem as interações entre os desafios e a interligação entre países e dentro destes; nesse sentido, são um resultado da globalização.

A opção de organizar as Conferências de Lisboa sobre Mudanças Globais no contexto da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, na próxima década, é centrar o debate em impulsionadores das mudanças, que estão subjacentes e impedem ou promovem a realização dos ODS. A aceleração das mudanças globais está a afetar cada vez mais o ambiente e os nossos modos de vida, com o futuro a entrar rapidamente no presente, forçando pessoas, sociedades e sistemas políticos a enfrentarem novas realidades – algumas das quais difíceis de compreender ou até de reconhecer. Como sempre, as Conferências de Lisboa propõem temas polémicos e com forte teor político, com o debate orientado para motivos, fatores, contextos e o papel de atores preponderantes.

 

Background

As Conferências de Lisboa resultaram de um Protocolo de Cooperação assinado em 13 de outubro de 2013 por sete entidades públicas e privadas: Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa (CCIP), Câmara Municipal de Lisboa (CML), Fundação Portugal-África (FPA), Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento (SOFID) e União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA). 

O objetivo foi criar em Lisboa um polo de referência internacional de reflexão e debate policy-oriented sobre o desenvolvimento, tendo como atividade principal a realização bienal das Conferências de Lisboa. Saiba tudo sobre as conferências realizadas (2014, 2016, 2018) aqui.

De forma a potenciar o objetivo das Conferências e a estimular o debate e a reflexão sobre questões abrangentes da cena internacional, as partes decidiram realizar outras atividades associadas, com particular ênfase às mais impactantes para Portugal e a Europa.

Assim, os representantes das entidades instituidoras decidiram lançar o Clube de Lisboa, com a finalidade de promover o debate sobre assuntos globais, com realce aos do desenvolvimento, da sustentabilidade, da geopolítica, da geoeconomia, das transformações tecnológicas e das transições energéticas. A partir da criação do Clube, em dezembro de 2016, as Conferências de Lisboa passaram a ser por ele organizadas.