A conferência
O desafio global mais crucial para a sobrevivência do planeta é o da preservação das condições de vida em limites toleráveis pelas espécies que o habitam. É urgente parar e começar a reverter os efeitos nefastos do aquecimento global provocado pela ação humana e pelo sistema de produção atual, que tem provocado o aumento persistente e rápido dos gases de efeito estufa e da poluição. Na transição energética reside o essencial da resposta ao desafio, particularmente a necessidade de soluções que permitam diminuir drasticamente a emissão de gases de efeito estufa, o que implica ação política e inovação tecnológica.
Ação política dada a prioridade que os governos (não) concedem aos investimentos e subsídios para inovações tecnológicas disruptivas, contrariamente ao sucedido aquando da 3ª revolução industrial nos anos 1970. Não só continuam a sobrelevar posição imediatistas, como existem opiniões bem diferenciadas sobre formas de combater os efeitos nefastos do aquecimento global - provocado pela queima de combustíveis fósseis, por práticas intensivas de produção agrícola e animal ou por indústrias, como cimenteiras e siderurgias -, quer nos países industrializados, principais poluidores, quer nos países não industrializados, menos poluidores. Nesta equação, para além das posições de governos e do setor privado, tem ganho expressão crescente a mobilização popular, em volta de organizações da sociedade civil e particularmente da juventude, que tem vindo a aumentar e cuja influência pode ser decisiva para incentivar, forçar ou reverter decisões políticas e prioridades de investimento.
Inovação tecnológica, pela necessidade de continuar a busca de novas soluções para geração de energias mais limpas, sem descurar o aumento e melhoria das atuais energias renováveis, que não são, só por si, suficientes para gerar a energia necessária para o mundo. As renováveis mal conseguem ultrapassar a fasquia dos 20% de produção de energia primária nos últimos 60 anos, que continua a assentar na produção de hidrocarbonetos. Apesar do espetacular aumento da oferta nos últimos anos, com os investimentos realizados e a diminuição dos custos das energias eólicas, solares, hídricas das ondas e outras, o peso relativo das renováveis tem sido absorvido pelo aumento da população, do consumo, da industrialização e da urbanização. Hoje, mais que nunca, são necessárias soluções tecnológicas que permitam o armazenamento de energia, a produção de novas baterias feitas a partir de recursos abundantes e não poluentes, a captura na fonte de CO2, formas de extração de hidrogénio verde ou sem recurso à queima de hidrocarbonetos, a melhoria da eficiência energética e outras soluções, incluindo o “cisne negro” da sempre desejada, mas ainda não conseguida, fusão nuclear.
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Esta publicação bilingue (PT/EN) resume as intervenções e debates da Conferência "Gerar Energia para o Mundo e Preservar o Planeta" realizada em Lisboa a 21 e 22 de fevereiro de 2022. Os temas centraram-se na relação estreita entre a geração de energia e alterações climáticas, o equilíbrio entre combustíveis fósseis e renováveis, a importância do Oceano como estabilizador do clima, bem como a geopolítica da transição energética e das políticas públicas.