No discurso de encerramento, a Prof. Doutora Ana Santos Pinto realçou as alterações ao nível conceptual e o nosso ententimento comum sobre a "fragilidade do Estado". Referiu a abordagem de Portugal na resposta a emergências complexas e crises, nomeadamente através de missões com uma forte compotente de formação de militares e forças de segurança, embora com a noção da complexidade dos contextos e da dificuldade dos resultados. As respostas da comunidade internacional deverão ter em conta, cada vez mais, as aspirações das comunidades locais e ser mais eficazes na promoção da paz e da estabilidade. Tal passa, necessariamente, por processos paralelos e simultâneos de construção do Estado e da paz.
Neste sentido, a ligação entre segurança e desenvolvimento parece evidente em termos conceptuais, mas difícil de implementar na prática, pois nenhum dos lados deste nexo tem mostrado vontade de rever a sua abordagem nem existe um debate aprofundado sobre como adaptar essas formas de atuação, para que cumpram da melhor forma os seus objetivos.
Salientou ainda as limitações das abordagens à fragilidade dos Estados, expressas nomeadamente pela nossa visão da sustentabilidade. Quando falamos de recursos naturais, teremos necessariamente de debater recursos vitais para a vida humana, como a terra e a água, e não apenas os recursos extrativos (a "commodification of nature", que é uma tendência nos mercados mundiais). Por um lado, a natureza é um Bem Global Comum, mas não existe doutrina sobre a governação e gestão conjunta destes recursos. Por outro lado, a discussão deve ter como enfoque central as formas como a atividade económica pode continuar a promover o bem-estar das pessoas (tendo em conta as comunidades locais), em equilíbrio com as pressões ambientais do planeta. O debate sobre recursos naturais implica, assim, o debate sobre os modelos de organização política e social, incluindo sobre uma redistribuição da riqueza que assegure prosperidade para todos.
"Addressing state fragility cannot only mean promoting reforms of state institutions. Adopting a new constitution, new laws on fighting corruption, creating a new police force, or training and equipping the military will be insufficient, if we do not complement this institutional, formal dimension, with the substantive social-political robustness of the community". Leia o discurso na íntegra aqui.
As Conferências sobre Estados Frágeis são uma iniciativa conjunta do Clube de Lisboa e do g7+. A OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua I.P., a Câmara Municipal de Lisboae o IMVF - Instituto Marquês de Valle Flor são parceiros desta conferência.